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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Duvidas velhas para donos novos...

Ora bem, quantas vezes já vimos as mesmas questões colocadas pelos novos donos, cuja experiência com cães é nula ou escassa. Decidimos escrever este artigo de modo a tentar esclarecer e ajudar quem sabe um pouco menos que nós. Há que ter em atenção que as ideias e conselhos derivam de conhecimentos e experiência dos autores do artigo, por isso passíveis de serem contrariados e contra-argumentados. Boas leituras!
É usual, quando adoptamos um cachorrinho ou um cão adulto, surgirem questões que não nos lembrámos até ao momento da adopção. Antes de nos decidirmos pela integração de um novo elemento no agregado familiar, devemos pensar em qual será o animal ideal para fazer parte da nossa vida bem como nas condições que lhe podemos oferecer de modo a integrar o animal sem consequências nefastas para a rotina estabelecida na casa.

Um animal não deverá ser adoptado, se o seu tratamento, passeios e férias forem considerados um fardo e não um prazer.

Outro ponto a ter em conta é a raça (ou falta dela), já que existem cães, que por características comportamentais da raça, se adaptam melhor ao nosso modo de vida. No entanto, sendo o cão o animal de estimação mais adaptável que conhecemos, um cão SRD (sem raça definida) pode perfeitamente preencher as nossas necessidades e corresponder ao que esperamos dele.

No caso de escolher um cão com raça definida, não deve olhar apenas à sua morfologia, mas considerar os traços gerais do temperamento da raça. Para garantir a manutenção do estalão da raça, deve procurar um bom criador, através da solicitação da lista de criadores da raça ao Clube Português de Canicultura, tendo sempre em atenção que a análise da lista deve ser o princípio da escolha do “cãopanheiro” ideal e não o fim. Deve visitar vários criadores da lista, observar em que condições os animais são mantidos e solicitar os exames de despiste das doenças mais frequentes na raça (dos progenitores da ninhada, claro). Não olhe para o cachorro em primeiro lugar, dê primazia à observação do ambiente e do criador.

Outro dos itens que devemos ter em conta é a idade do animal, pois se um cachorro é muito mais engraçado, com o seu tamanho e disparates, também requer muito mais trabalho e empenho para ensinar. Um cão adulto, sem problemas comportamentais, adaptar-se-à na perfeição à sua nova casa. Mas atenção, um cão adulto (nem cachorro) nunca se escolhe por ser bonito, deve sim, visitar e interagir com o cão antes de adoptar para que possa verificar se é mesmo esse que pretende. Um cão é um animal para a vida e nunca se deve tomar esta decisão de ânimo leve.

Por último, nesta fase do artigo, o sexo do novo habitante. Se por um lado as fêmeas podem ter vários problemas relativos ao sexo, como gravidez psicológica, cio e gravidez, os machos, por sua vez, têm tendência à marcação de território e fuga (por causa dos cios das cadelas).

Em quanto fica um cão?

Comprado, oferecido, adoptado, todo o cão tem as suas necessidades. Para além do empenho e carinho do dono, tem necessidade de alojamento, de uma boa alimentação, assistência veterinária, treino, hotel - para quando nos ausentamos e não temos com quem os deixar - banhos, tosquias (algumas raças), produtos e material de grooming, brinquedos, ossos, o seu próprio enxoval e um sem número que outras coisas que vão surgindo ao longo da sua vida.

Durante o primeiro ano do cachorro as despesas são maiores pois tem mais idas ao veterinário, para completar o programa de vacinação e desparasitação. Caso seja um cão de raça, deverá transferir o L.O.P. para seu nome junto do C.P.C., o que fica em cerca de 18€ .

A alimentação, caso opte por ração seca, esta deve ser equilibrada, de uma gama especial para o seu tamanho e idade, com todos os ingredientes necessários e devidamente suplementada de forma a proporcionar um bom desenvolvimento do cão e para evitar problemas futuros.

Essas gamas, consideradas especiais, normalmente são mais caras do que as normais e poderão ficar entre os 55€ /70€.

O enxoval, ou seja, casota (caso fique ao ar livre), cama, mantas, toalhas, coleira ou peitoral, trela, primeiros brinquedos, ossos apropriados para cachorros, pode encontrar no mercado a preços muito variados. Tenha em conta que todo o cachorro roi... pode optar por matérias mais resistentes, que durarão mais tempo ou por matérias mais baratos que facilmente se substituem. Conte também com alguns estragos “domésticos”, como ataque a sapatos, roupas, mobiliário e uma panóplia de outras coisas que nunca nos passará pela cabeça que eles possam roer...

Depois da vacina da raiva e até aos 6 meses, deve inscrevê-lo na Câmara ou Junta de Freguesia da sua área. Faz o registo do seu cão:

– na minha Junta paga-se por um cão médio/grande que seja considerado de companhia (Cat.A) – 4.40€, mais o licenciamento (anual)

– 10.00€.

Depois deste investimento inicial devemos considerar as outras despesas:

Ração de boa qualidade – 50€/60€ por saco de 15Kg

Veterinário - 25€/consulta

Vacinação anual (consulta + vacinas) - 44€

Desparasitação interna (trimestral) – 5.50€ / comp. por 10 kg de cão

Desparasitação externa (trimestral no caso das coleiras*) – 18€

Treino – 300€ (o mais básico)

Hotel – 15€/dia (no mínimo)

Tosquia – 35€

Banho – 35€

Caso opte por castrar/esterilizar o seu cadela

– 200€ (preço médio)

Exames de despiste de doenças hereditárias, no meu caso, a displasia aos 18 meses do cão:

– 60€ + homologação pela APMVEAC – 30€ - total 90€

Ecografia – 50€

Hemograma – 14€

Análises bioquimicas – 1 un/8€ (o habitual é serem 5un – 40€)

Despiste de Leishmaniose – 35€

Cirurgias – Facilmente ultrapassam os 500€

*Coleira Scalibor que nos meses mais quentes reforço com Advantix ou Pulvex

Pouco tempo antes da chegada do novo cão a casa e independentemente da idade do mesmo, devem concertar atitudes relativas à educação do cão. Devem ser criadas regras e cumpri-las desde o primeiro dia, tanto no que diz respeito às horas e locais de dormida, como em relação à reacção às atitudes do animal. Deve ter-se em consideração que apesar de ser muito engraçado um cachorro de quilo e meio saltar para cima de nós e roubar uma lambidela, já não é tão agradável, quando ao chegar à idade adulta com um peso considerável tiver a mesma atitude. Com isto quer-se explicar que não devemos deixar um cachorro fazer o que não queremos que ele faça em crescido (é muito mais simples educar do que retirar vícios).

Dou ainda como exemplos habituais o dormir na nossa cama, comer à mesa ou dormir no espaço dos donos... Devemos ser intransigentes quanto às regras desde o primeiro momento, bem como recompensar com festas ou petiscos próprios, sempre que o cachorro cumpra. Não desespere, o treino é moroso e complicado, mas se nos mantivermos firmes, é também muito compensador. Há que ter em conta que um cachorro de tenra idade jamais poderá estar muitas horas sem expulsar necessidades fisiológicas, logo terá de ter um local destinado para esse efeito.

Um dos treinos iniciais que causa mais estranheza nos novos donos é o treino de WC, no entanto é um treino relativamente fácil, embora tenhamos de ser persistentes.

Uma das principais preocupações do novo dono deve ser a escolha do veterinário assistente (seja exigente), bem como o registo de um número de urgências veterinárias. De seguida, deve ser feita uma consulta de carácter geral, onde é avaliada a condição física do animal e se procede à desparasitação (se já não tiver sido feita) e posterior vacinação. O médico veterinário assistente é o técnico indicado para responder às diversas questões acerca deste assunto. Não deve ouvir “diagonalmente” e, se necessário, registar datas e outros assuntos fulcrais sobre os cuidados de saúde essenciais, especialmente no que diz respeito à desparasitação interna e externa como meio de prevenir a infestação da casa e consequentemente do ser humano. A única vacina obrigatória é a da raiva, no entanto revela-se insuficiente para combater e proteger o cão das doenças mais frequentes e mortais.

Tendo em conta os cuidados básicos de saúde devemos ter em conta tudo o que já foi mencionado anteriormente, bem como tomar atenção a alterações do comportamento dos nossos animais. Um cachorro brincalhão e activo que de repente fica apático e sem energia, evidencia como é óbvio, problemas de saúde. Existem diversos sinais de que algo não está bem aos quais devemos prestar especial atenção, entre eles:

- Alterações significativas na ingestão de alimentos ou água;

- Substância fecal com sangue ou muco

- Diarreias

- Obstipação

- Nariz seco (o que evidencia um aumento de temperatura)

- Mau cheiro nas orelhas e/ou boca

- Olhos vermelhos e/ou embaciados

- Palidez das mucosas

- Respiração ou batimentos cardíacos anormais (movimentos respiratórios --> 10 a 30 por minuto e Batimentos cardíacos --> 70 a 160 por minuto).

Devemos também conhecer algumas das doenças que possam afectar o nosso animal para mais facilmente detectar estados de saúde depressivos, como:

Sindroma de Wobbles

Esgana

Hepatite contagiosa canina

Leptospirose canina

Parvovirose

Piroplasmose

Traquobronquite infecciosa canina

Displasia da anca

Dermatite atópica

Leishmaniose

Raiva

Dirofilariose canina

Quanto à higiene básica, é necessário habituar o seu animal ao grooming indicado para o tipo de cão. O manuseio das orelhas para limpeza, limpeza ocular, corte de unhas, escovagem, banho, secador, observação dos dentes, e outros é essencial, de modo a criar uma atmosfera agradável, evitando o sofrimento (do animal e do dono) durante o tratamento básico.

Muitas vezes ouvimos os donos queixarem-se da perca excessiva de pêlos animais. Quando o animal fica com zonas sem pêlo, pode não se tratar apenas se queda e muda natural, muitas vezes esta queda pode dever-se a desenvolvimento de alergias tanto alimentares como ambientais ou mesmo parasitárias, fazendo com que o cão se coce.

Pode também ter como causa a má alimentação (que além de queda de pêlo, provoca má qualidade no manto), assim como o stress ou momentos de depressão imunitária também pode provocar queda excessiva do pêlo. Mas o que será a queda excessiva do pêlo? Se para muitos, três pêlos são pelos a mais, para outros não é bem assim. Consideramos queda excessiva de pêlo quando se formam zonas de alopecia.

No que concerne à alimentação do novo habitante, esta deve ser suficiente e adequada à idade do seu cão e ao contrário do que muitas pessoas pensam, temos a convicção que não deve ser frequentemente alterada, de modo a evitar desarranjos intestinais. Preferimos as boas rações existente no mercado, que nos oferece uma alimentação adequada, higiénica e rápida.

Existem diversas questões colocadas com alguma regularidade, ao que pensamos ser importante responder, entre elas:

- Alimentos para gatos, faz mal? Ora bem, a alimentação própria para gatos é muito mais rica em proteína do que a indicada para cães, o que a médio prazo pode causar problemas renais

- Leite de vaca, posso dar? O leite de vaca é rico em lactose, o que causa problemas de digestão, já que os cães são intolerantes à lactose. Quanto mais velho for o cão, mais danos causa.

- Suplementos vitamínicos, tenho de dar? Normalmente, as alimentações equilibradas fornecem todos os nutrientes necessários. Tão perigosa é a falta como o excesso, logo há que ter conta, peso e medida na utilização de suplementos alimentares.

- O meu cão adora chocolate, faz mal? Sim. O chocolate, principalmente o negro, tem uma substância chamada trebomina que é altamente tóxica. Em caso algum deverá ser fornecido como petisco ou alimento.

Claro que existem outras ideologias no que diz respeito à alimentação, tal como a alimentação caseira ou a BARF (Bones and raw food), que podem ou não ser discutíveis. De qualquer modo, devemos obter bastante informação antes de nos decidirmos pela dieta ideal.

A quantidade de refeições diárias depende essencialmente da idade do animal, ou seja, quanto mais novo for o cão, maior número de refeições deve fazer, isto é, dividir a dose diária em pequenas porções. Por exemplo, um cachorro com 8 semanas deve consumir 4 a 5 refeições diárias.

Em termos de espaço e distracções, tanto o animal adulto como o cachorro devem ter o seu. Deve ter o seu treino diário com dose de atenção e os seus próprios brinquedos que estimulem o seu desenvolvimento. A cama deve ser o seu local de segurança e que mantenha o cão calmo quando necessário. Relativamente aos brinquedos, estes são uma parte importante do “enxoval” do cão, pois evitam que as pernas da mesa, comandos de televisão e outros itens se tornem nos seu companheiros de brincadeira favoritos.

Existem brinquedos adequados a todos os cães, assim como petiscos para limpar os dentes. Dentro dos brinquedos disponíveis no mercado, devemos ser selectivos, escolhendo os que não sejam passíveis de serem roídos e ingeridos acidentalmente.

No que diz respeito a regras gerais de comportamento, no âmbito das sessões de brincadeira, não deve deixar que o cachorro morda, especialmente se for por disputa de algum objecto, pois este comportamento pode ter consequências nefastas ao chegar à idade adulta, no entanto, se permitir este tipo de brincadeiras prepare-se para “ganhar”, pois o cachorro tem de perceber quem é o líder e não deve nunca questionar essa liderança.

Os jogos e brincadeiras são um modo dos cachorros se desenvolverem física e mentalmente, assim como criarem laços e noções hierárquicas. Tendo em atenção que os jogos e os brinquedos são um excelente meio de aprendizagem, é necessário ter em conta que todos os elementos da casa devem ter a mesma atitude face ao mesmo comportamento, evitando assim os vícios e a confusão na cabeça do cão, logo, como já referimos anteriormente, as atitudes devem ser concertadas.

No que se refere à sociabilização, é importante que, após o plano de vacinação cumprido, o cão tenha contacto com pessoas e com outros da mesma espécie (e com de outras espécies). Há que ter em atenção que nem sempre o encontro é agradável e a amizade poderá não ser “automática”. Para este procedimentos, o uso de trela e coleira é essencial, pois permite que, facilmente, o dono controle o cão/cachorro evitando cenas desagradáveis. O uso de trela e coleira é obrigatório por lei, é mais seguro para o nosso animal e (civicamente) evita que o nosso cão incomode quem não pretende ter contacto com cães. O animal é da nossa responsabilidade, e sendo um luxo nosso, não tem de incomodar outros animais ou pessoas alheios às nossas decisões

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