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domingo, 17 de outubro de 2010

Tritão Palmado Português, em risco de Extinção

Anfíbio cada vez mais raro em Portugal, o tritão-palmado vive em florestas, prados ou zonas agrícolas, sem nunca se afastar muito de corpos de água naturais ou artificiais. Distribui-se no Noroeste e Centro de Portugal, ocupando cerca de 3% do território nacional.




IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS:

O tritão-palmado ou tritão-de-patas-espalmadas, Triturus helveticus, é um urodelo (anfíbio com cauda) pequeno que geralmente não ultrapassa os 8 cm de comprimento total. A sua cabeça de contorno arredondado é ligeiramente aplanada, com três sulcos longitudinais na parte superior. Os olhos são relativamente pequenos e localizam-se lateralmente. Apresentam uma banda escura característica entre o orifício nasal e o olho que pode prolongar-se até ao pescoço. As glândulas parótidas são reduzidas. Possui corpo de secção redonda ou quadrangular, cauda muito achatada lateralmente, com crista reduzida ou ausente. Os seus membros são delgados, com quatro dedos nas patas anteriores e cinco nas posteriores. A pele é lisa durante a fase aquática, tornando-se rugosa na fase terrestre. A coloração dorsal é variável, havendo predominância de tons castanhos e esverdeados com algumas manchas negras que podem formar um padrão reticulado. O ventre é tipicamente amarelo claro. Na cauda pode apresentar duas séries de manchas escuras que formam linhas e acima da zona de inserção dos membros posteriores possuem uma pequena mancha clara.
As fêmeas são geralmente maiores do que os machos, têm o corpo cilíndrico, cabeça mais larga, cloaca menos volumosa e o padrão dorsal menos acentuado. Os machos são mais elegantes, com secção quadrangular, com o padrão dorsal acentuado. Durante o período de reprodução desenvolvem um característico longo filamento preto na parte terminal da cauda, uma membrana interdigital escura nas patas posteriores e uma crista caudal baixa.



As larvas recém-eclodidas não medem mais do que 1 cm e possuem uma coloração amarelada com duas bandas escuras no dorso. Posteriormente tornam-se acastanhadas ou acinzentadas com numerosas pontuações escuras. Atingem normalmente os 2,5-4 cm de comprimento total mas em locais onde alcançam a metamorfose durante o segundo ano de vida pode atingir os 5-6 cm de comprimento. Apresentam uma crista dorsocaudal bem desenvolvida, com início na zona de inserção das brânquias. À semelhança do tritão-de-ventre-laranja, a crista caudal decresce em altura de forma contínua e muito suave em direcção à sua extremidade, mas, ao contrário daquela espécie, termina numa ponta alongada. Apresentam dedos curtos e brânquias bem visíveis.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA:

Trata-se de uma espécie de ampla distribuição europeia, desde a Península Ibérica até à Alemanha. Em território nacional conhecem-se apenas algumas populações distribuídas de forma esparsa pelo Noroeste do País, frequentemente em simpatria com o tritão-de-ventre-laranja.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO:

Espécie listada como Vulnerável (VU) no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.


FACTORES DE AMEAÇA:

Em Portugal o T. helveticus encontra-se em regressão devido a múltiplas causas. A maior ameaça resulta da destruição ou alteração dos locais de reprodução, tanto por abandono de práticas agrícolas tradicionais como pela utilização de produtos agroquímicos que alteram as condições do meio aquático. Outros factores como o desenvolvimento urbanístico e industrial nas áreas costeiras – regiões com as populações mais abundantes, a alteração dos níveis freáticos devido à extracção contínua de água para consumo e a introdução de espécies exóticas constituem ameaças adicionais.

HABITAT:

Habita uma grande variedade de biótopos incluindo prados, bosques e zonas agrícolas, desde o nível do mar até aos 1140 m, na Serra do Gerês. Para se reproduzir pode utilizar diversos habitats aquáticos, preferencialmente com abundante vegetação aquática e água parada ou com pouca corrente, como lagoas costeiras, charcos, tanques, represas e albufeiras.

INIMIGOS NATURAIS:

Os adultos podem ser predados por trutas, cobras-de-água e víboras. As larvas são presas habituais de insectos aquáticos, tritões adultos, larvas de libélula e de salamandra-de-pintas-amarelas. Os principais mecanismos de defesa consistem na fuga rápida para zonas de vegetação densa e nas secreções tóxicas das suas glândulas cutâneas.



REPRODUÇÃO:

Nas zonas mais baixas a reprodução inicia-se em meados de Dezembro e prolonga-se até Maio, enquanto que em zonas montanhosas os indivíduos podem chegar aos habitats aquáticos apenas no início da Primavera. O acasalamento ocorre na água e segue um padrão comum aos restantes tritões da nossa fauna. As fêmeas depositam cerca de 290 a 440 ovos ao longo da época de reprodução, colados individualmente em plantas aquáticas ou em objectos ou no substrato do meio aquático. Os habitats de reprodução são constituídos por meios aquáticos de águas paradas ou com pouca corrente, com abundante vegetação aquática. O desenvolvimento embrionário dura 8-14 dias, após o qual ocorre a eclosão. A duração do período larvar varia de acordo com a temperatura e a disponibilidade alimentar, podendo as larvas atingir a metamorfose em seis semanas ou em um ano.

ALIMENTAÇÃO:

A alimentação dos adultos é composta por pequenos insectos adultos e larvares, aranhas e outros invertebrados. As larvas alimentam-se inicialmente de organismos planctónicos, passando posteriormente a consumir invertebrados aquáticos de maiores dimensões, como larvas de insectos.

ACTIVIDADE:

Apresenta uma fase aquática, coincidente com a época de reprodução, e uma fase terrestre, correspondente aos períodos de estivação e/ou hibernação. É um anfíbio essencialmente nocturno mas que durante a fase aquática se encontra activo também durante o dia. 



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