O burro (ou asno) doméstico cujo nome científico é Equus asinus, pertence à família dos equídeos. A sua origem e evolução continuam a ser um mistério, porque não se sabe ao certo quando ocorreu a sua domesticação. No entanto, segundo alguns autores, o burro foi domesticado desde os períodos remotos da história do mundo e os seus antecessores selvagens encontram-se na Mongólia, Tibete, Irão e África.
O burro doméstico que pode ser hoje encontrado em qualquer parte do mundo descende do burro africano selvagem (asinus africanus), que desempenhou um importante papel na civilização da região do Nilo.
A longevidade média do burro é de 15 a 18 anos no meio selvagem, mas pode atingir 30 a 35 anos e mesmo mais como animal de companhia. O seu completo desenvolvimento opera-se entre os três e os quatro anos e os dentes, que evoluem de uma forma idêntica aos dos cavalos, são, como nestes animais, um bom meio para o reconhecimento da idade. Um burro leva cerca de 3 a 4 anos a desenvolver-se completamente. São considerados velhos para o trabalho sensivelmente aos 20 anos.
Desde os tempos mais remotos que o burro está associado a um vasto património de importância social, cultural, económica e ecológica. Foi simultaneamente utilizado no meio rural para auxiliar nas tarefas agrícolas e no transporte. Em algumas zonas do planeta ainda o são.
Durante muitos anos foram uma resposta eficaz às necessidades de transporte das pessoas e da comida para o gado. Foram utilizados para lavrar a vinha, preparar e verificar o estado das terras e para semear. Tiveram ainda uma importância no auxílio nas horas das regas, movendo as noras (ou engenhos). Por toda a Península Ibérica, o burro serviu para fazer a venda porta a porta de legumes, frutas e queijos.
Foi também um importante meio de transporte para muitos comerciantes nas mais diversas actividades profissionais. Eram muito utilizados como locomotores de carroças, servindo como meio de transporte individual dos agricultores com menos posses. Desempenharam também a importante função de fazerem companhia aos seus donos, e foram às vezes o único pretexto para o idoso sair de casa, pois era necessário ir pôr o burro a pastar.
Em Portugal, com o passar dos anos, o burro tem vindo a desaparecer dos meios rurais. A sua utilização para o trabalho agrícola deixou de fazer sentido, já que as máquinas são bastante mais eficientes e, nem fazem tantas birras! O burro acabou por ficar no desemprego, sendo hoje uma espécie em vias de extinção. No entanto, a situação tende a ser alterada, por empresas privadas que apostam nas viagens de burro por zonas rurais, como atracção turística.
De todas as espécies domésticas esta foi, sem dúvida, a mais abandonada, pois os criadores, dum modo geral, não lhe deram educação alguma durante o crescimento, sujeitando-o ao trabalho quando atingia a idade adulta por meio de maus tratos, donde resulta que, sendo o burro naturalmente vivo, ágil e dócil, se tornava preguiçoso, tímido e teimoso.
É incontestável que a maioria dos defeitos que se lhe observam provém do abandono a que, desde tempos remotos, o burro tem sido sujeito, pois nalgumas regiões do globo, principalmente no Oriente, onde estes animais têm sido e são tão bem tratados como o cavalo, a sua inteligência, vivacidade e beleza são incomparavelmente superiores.
Aspecto geral
O burro é um mamífero menos corpulento que o cavalo e de orelhas compridas. Distingue-se dos outros equídeos por ter as orelhas muito desenvolvidas, cauda nua terminada por um tufo de crinas, pelagem geralmente cinzenta e com uma lista dorsal e outra transversal formando cruz sobre as espáduas.
A sua anatomia é inteiramente semelhante à do cavalo. Tem, porém, a cabeça mais volumosa, as órbitas mais afastadas, o garrote baixo continuando-se em linha recta até à garupa, o peito estreito, pelo que os membros anteriores são muito aproximados, as apófises espinhosas das vértebras dorsais muito desenvolvidas, tornando-lhe assim o dorso muito proeminente e ainda com a vista, o ouvido e o olfacto mais apurados que os do cavalo.
A estrutura dos burros varia consoante o clima e a raça, tendo em média, no nosso país, 1,35 a 1,45 metros de comprimento, medido de entre as orelhas à origem da cauda, e 1,10 a 1,15 m de altura ao nível das espáduas.
Um burro doméstico pode pesar entre 180 e 225 quilos.
Os burros podem ser pretos, brancos, sarapintados, castanhos ou cinzentos. Apesar da variedade cromática, a cor mais comum é o cinzento. A maioria dos burros com cores sólidas tem uma risca escura ao longo do dorso que vai desde a crina à cauda. O pêlo da crina pode ser liso, encaracolado, curto e áspero, ou um pouco mais longo e macio.
Etimologia da palavra Burro:
O nome vem do latim burrus, que quer dizer vermelho. Acredita-se que foi daí que surgiu a crença de que os burros são pouco inteligentes, pois, antigamente, os dicionários tinham capas vermelhas, dando a ideia de que os burros eram sedentos de saber. Outra história diz que uma moeda antiga tinha a imagem de um rei com uma cabeça enorme que não era esperto, que se associou com a cabeça resistente do burro.
Porém, também pode ter surgido da lenda grega do rei Midas, que foi tolo ao ponto de contradizer a irrevogável palavra do deus Apolo, que foi castigado pelo deus, recebendo orelhas de burro.
Em Portugal, chamar burro a alguém é uma ofensa. Um indivíduo burro é um indivíduo pouco inteligente, estúpido, teimoso, ignorante, com pouco entendimento, sem conhecimento geral e criatividade.
Comportamento
Os burros são animais sociais. Possuem uma estrutura social flexível, isto é, nenhum dos membros do grupo é dominante a título permanente. Os machos lutam pelas fêmeas quando estão no cio.
São animais de temperamento dócil, forte e muito inteligentes, que não perdem a sua integridade e personalidade no contacto com os humanos. Segundo alguns especialistas, comparando com a espécie humana, comportam-se como uma criança inteligente de 5/6 anos.
Embora os burros sejam animais independentes, a companhia das pessoas é fundamental e rapidamente criam laços afectivos fortes com os humanos, se lhes for dispensada a atenção de que necessitam.Dormem durante o dia, sendo os seus períodos mais activos a manhã e o fim da tarde.
Têm fama de teimosos, mas esse aspecto do seu comportamento deve-se, na verdade, ao facto de serem demasiado cautelosos e terem medo de arriscar levar a cabo alguns actos que pareçam arriscados ou perigosos. Apesar deste aspecto, são animais muito obedientes. Quando se assustam, ficam geralmente paralisados e não têm tendência para fugir, ao contrário dos cavalos.
Como qualquer aproximação de outro animal pode ser uma potencial ameaça, eles adoptaram alguns comportamentos destinados a apaziguar e a tranquilizar os seus congéneres.
A posição das orelhas é uma parte importante da linguagem corporal do burro. Por exemplo, numa ameaça branda para morder, os burros colocam as orelhas para trás e esticam o pescoço em direcção ao oponente, enquanto que durante o cortejo as orelhas estão em pé e viradas para a frente.
Na postura de cumprimento, as orelhas estão em pé e voltadas para a frente e geralmente segue-se um toque com o nariz (nariz com nariz), no pescoço, no ombro ou no flanco do animal cumprimentado.
Quando os burros estão infelizes ou cansados pode-se observar que as suas orelhas ficam deitadas de lado, (na posição horizontal em relação ao corpo). Embora interajam bem com outros animais, não hesitarão em defender-se se sentirem ameaçados. Nestes casos podem dar dentadas ou coices.
Trabalhavam sempre individualmente, já que não é possível fazer uma parelha de burros.
Normalmente, se o tentar fazer, vai ter um problema de teimosia, um quererá ir para um lado, o outro quererá ir para outro; um anda, o outro fica parado…
O zurro
O tipo de vocalização, que emitem com maior frequência, é um característico Hi-Hõ – o zurro. Mas para além do zurro possuem um reportório variado de vocalizações, nomeadamente, uma espécie de grunhido, considerado uma vocalização agonística (os comportamentos agonísticos têm a função de alterar a distância entre os membros do grupo). Possuem também um tipo de vocalização particular para mostrar desgosto, excitação ou aflição, entre outras. O zurro ouve-se a uma distância considerável.
As funções do zurro são diversas, por exemplo, juntar o grupo, procurar um animal perdido ou advertir sobre o estatuto. As fêmeas quando estão no cio zurram com frequência. Os burros também zurram quando o dono se atrasa na hora de lhes fornecer a comida.
Alimentação
Os burros são animais herbívoros. A sua dentadura está preparada para cortar e mastigar vegetais. Agarram as ervas com os lábios, puxam e depois mastigam-nas. Alimentam-se de erva fresca ou de palha seca.
Tal como o cavalo, o aparelho digestivo do burro evoluiu com adaptações para pastar. No entanto, à semelhança de outros equídeos (cavalo e zebra), não são herbívoros ruminantes, pois possuem um só estômago.
Os burros devem ser alimentados a horas regulares, pelo menos duas vezes por dia, para evitar problemas digestivos, muito comuns nestes animais. Todas as mudanças na sua dieta devem ser graduais.
As necessidades alimentares de um burro variam com a idade do animal, a actividade e o tipo, qualidade e quantidade de alimento que ingerem. O regime de semi-estabulação é o mais aconselhado, pois durante a Primavera, Verão e Outono os animais andam livremente e têm acesso às pastagens, espaço para se movimentarem, que lhes permite exercitar os músculos, etc.
Na manjedoura os burros escolhem, tal como o fazem nos campos de pastagem, as melhores ervas, afastando com um movimento da cabeça as menos suculentas. Quer isto dizer, que se o alimento não for de boa qualidade haverá um desperdício muito maior.
Não é de todo aconselhável dar alimentos poeirentos e bolorentos aos burros, pois estes podem levar a doenças respiratórias sérias ou distúrbios intestinais.
Quando as pastagens não têm pasto suficiente, ou este não é suficientemente nutritivo, por os solos serem muito pobres, torna-se necessário fornecer alimento suplementar aos animais. A aveia é um cereal muito utilizado para alimentar os equídeos. Tem muita fibra e pouca energia digerida (menos do que os outros cereais) e encoraja a mastigação, assim o excesso de comida é evitado.
As pastagens altas e suculentas podem levar a problemas como a cólica.
Cólica: A seguir à ingestão de alimentos que fermentam rapidamente, como as ervas ou alimentos concentrados, pode seguir-se a produção excessiva de gás no estômago, pois os burros não têm a capacidade de arrotar. Assim sendo, ao não conseguirem remover o gás do estômago, ocorre uma distensão gasosa deste órgão que pode ser potencialmente fatal e muito dolorosa (cólica). As cólicas ocorrem com alguma frequência nos burros.
É imprescindível o fornecimento diário e em quantidade suficiente de água limpa e fresca aos animais para repor a água perdida pelo corpo através da urina, fezes, transpiração, na amamentação, etc.
Durante a amamentação as necessidades de água são maiores, assim como são maiores no Verão do que no Inverno.
Os burros têm necessidades de sal (enriquecido com minerais), que deve estar livremente disponível para lamberem.
Cuidados a ter com os burros
Os asininos necessitam de espaço para se movimentarem e exercitarem os músculos, pastar, espojar, jogar, fazerem as suas necessidades fisiológicas, etc.
O cercado deve ser constituído por um abrigo, bem como deve possuir vegetação que crie sombras para os animais se protegerem dos raios solares nas horas de maior calor.
O abrigo onde os burros descansam, é essencial para o conforto do animal tanto no Verão durante o dia, pois é mais fresco, como no Inverno, quando é mais abrigado. Para além disso, as moscas, só num ambiente escuro deixam de atormentar os animais, pelo que é importante que o abrigo seja um local escuro e arejado, mas sem correntes de ar.
Dentro do abrigo, as camas dos animais devem ser quentes, limpas e confortáveis permitindo ao animal deitar-se e descansar ficando isolado do frio e da humidade. Utiliza-se muitas vezes palha de centeio, pois esta não é tão boa para a alimentação e para além disso absorve bem a urina e a humidade. A palha de trigo também dá uma boa cama, quente e confortável, é fácil de manusear (guarda-se em fardos) e tem uma boa drenagem.
Os burros dedicam uma pequena parte do dia a cuidar da pele e do pêlo.
Conseguem chegar a grande parte dos corpos por eles próprios. Para cuidar das partes inacessíveis têm algumas estratégias interessantes, como por exemplo, o acto de se espojar ou ainda o acto de se coçarem nos troncos/ramos das árvores, nos cantos das paredes de pedra, etc.
Quando dois burros se juntam um apresenta as orelhas apontadas para a frente e ocasionalmente a boca ligeiramente aberta tocando no pescoço do companheiro/a. Os dois animais colocam-se lado a lado, em direcções opostas mordiscando as costas um do outro ao longo da coluna vertebral, no pescoço, na crina e noutras partes inacessíveis sem um parceiro. Este ritual pode durar desde alguns minutos até mais de meia hora.Para além de cuidar da pele, este comportamento dá conforto e tem a função de aproximar os membros do grupo.
Espojar
O comportamento de espojar consiste em colocar o dorso em contacto com o solo virando-se sucessivamente para um e para outro lado, cobrindo-se de terra/poeira. Tem a função de remover o pêlo que está na muda e eliminar os parasitas e com certeza, pelo prazer de coçar as costas. Gostam de fazê-lo em grupo e é frequente ver mais do que um burro a espojar-se ao mesmo tempo. Normalmente têm sítios seleccionados para o fazer.
Se observar um burro a escavar com uma das patas da frente um pedaço de solo nu, pode ter a certeza que instantes depois estará a espojar-se nesse local.
Os asininos apresentam frequentemente doenças nos cascos, se estes não forem alvo da devida atenção. Estes necessitam de ser limpos e verificados com regularidade. Há que ter cuidado durante a limpeza dos cascos, para não magoar o animal, pois o casco possui zonas que são sensíveis.
Igualmente há que ter atenção para não levantar ou dobrar demasiado a pata do animal, fazendo com que este se desequilibre, podendo magoar-se. A área onde os animais permanecem a maior parte do tempo, bem como o abrigo, devem ser limpas e o estrume deve ser retirado periodicamente.
O piso onde o animal se move deve possuir uma boa drenagem de forma a permanecer quase seco. Os cascos gastam-se em função do uso e do piso onde o animal se movimenta. O aparo e/ou corte dos cascos devem ser efectuados sempre que necessário, por um ferrador ou pessoa experiente no tratamento e manuseamento dos mesmos.
Não é aconselhável colocar pesos ou montar um animal jovem, antes dos 3/4 anos, pois este corre o risco de ficar com a coluna vertebral deformada.
É necessário preocupar-se com a limpeza dos cantos dos olhos. A limpeza faz-se com um pedaço de algodão húmido retirando as ramelas que se acumulam nessa zona, atraindo moscas que podem fazer com que se formem feridas nos cantos dos olhos. No nariz também pode haver necessidade de se limpar o muco que por vezes escorre para fora atraindo igualmente moscas, e provocando potenciais feridas.
Reprodução
O burro é polígamo, ou seja, não tem uma parceira fixa para acasalamento. Embora atinja a maturidade por volta dos 2 anos, apenas aos 3 ou 4 anos se torna, eventualmente, o macho dominante, controlando o acasalamento e as fêmeas disponíveis.
A maturidade sexual das fêmeas ocorre aos 2 anos de idade. Só quando atingem a maturidade estão aptas a procriar. O período de gestação é de 12 meses. Geralmente, findo esse período, a fêmea dá à luz apenas uma cria.
Desde há séculos que é feito o cruzamento entre burro e cavalo, de que resulta um híbrido denominado mu ou muar, com características de ambas as raças: robustez, capacidade de adaptação a caminhos acidentados e a meio ambiente adverso, docilidade; pernas mais longas e, portanto, maior velocidade, maior facilidade de treino.
O macho (ou mulo) é o indivíduo do sexo masculino resultante do cruzamento de um burro com uma égua. O animal fêmea resultante do mesmo cruzamento é chamado mula.
Um recém-nascido pode pesar entre 9 e 14 quilos (aproximadamente). A cria nasce completamente desenvolvida e conseguirá colocar-se sobre as suas pernas e começar a mamar durante a meia hora imediatamente a seguir ao parto. As crias são desmamadas aos 5 meses.
Os cinco sentidos
Os burros têm uma visão monocular e lateral. Possuem uma visão panorâmica, pois os seus olhos estão localizados de lado na cabeça dando-lhes a capacidade de observar o que se passa por trás deles. Têm uma excelente visão nocturna. São comunicadores visuais sofisticados, transmitindo muita informação através de pequenas alterações na postura.
O sentido auditivo do burro é apurado e as suas orelhas nunca estão paradas, mexendo-se constantemente para captar os sons em seu redor. É um animal muito sensível ao barulho, nomeadamente não gosta que se grite perto dele, nem do latido dos cães, no entanto consegue suportar o ruído sem se agitar.
O paladar dos burros habilita-os a identificar o que é comestível.
Em relação ao olfacto, pensa-se que este seja um sentido importante, uma vez que os burros investigam os objectos, os seus congéneres e os humanos através do cheiro. Também usam o olfacto para reconhecer o que é comestível ou não.
Os burros têm uma via olfactiva secundária que é usada para testar odores. Acontece quando ficam com o pescoço levantado, frequentemente virado para um dos lados, enquanto o lábio superior é puxado e esticado para cima e o lábio inferior é puxado para baixo. Os maxilares inferiores e superior ficam juntos com os dentes da frente a descoberto.
Os burros cheiram tanto a urina como as fezes uns dos outros, presumindo-se assim que estas excreções tenham uma função social relevante. É provável que a urina destes animais contenha informações como a receptividade da fêmea, identidade, estatuto, etc.
Os burros usam o tacto, primariamente através dos seus lábios fortes e muito sensíveis, que estão cobertos por centenas de pêlos que reagem ao toque. O seu corpo com uma pele relativamente fina, podendo ferir-se com facilidade, é coberta de pêlos e é também muito sensível ao toque.
Antigas profissões
São várias as profissões no nosso país ligadas ao gado asinino. Apesar de actualmente já serem poucos os que se dedicam a tais profissões: a de Albardeiro – aquele que faz albardas, cabeçadas, etc. a de Ferrador – aquele que ferra e arranja os cascos; a de Tecelão – aquele que também tece alforges; a de Aguadeiro – aquele que vendia água ou a levava ao domicilio; a de Almocreve – aquele que alugava e conduzia bestas de carga, entre muitas outras.
O artesanato esteve desde sempre ligado ao gado asinino:
- na cestaria, existem os cestos esterqueiros e as cangalhas;
- as albardas, os alforges e as mantas de retalhos são, sem excepção, verdadeiras peças de artesanato.
O burro está também associado a inúmeros eventos culturais. São exemplos, as feiras ligadas ao gado asinino, exposições, gincanas, corridas e concursos.
Existem alguns produtos derivados directamente do burro. A sua carne por exemplo é considerada muito dura (embora esta opinião não seja unânime), mas no entanto é consumida por muitos povos, simples ou sob a forma de enchidos.
O leite de burra é largamente procurado em muitas regiões pela indústria alimentar e cosmética. Em Portugal, o leite da burra foi muito utilizado pelas populações rurais, sendo inclusive receitado pelos médicos às mulheres que não conseguiam amamentar, por ser um leite parecido com o que é produzido pelos humanos para alimentar os recém-nascidos. É um leite denso e açucarado. Também era tido como bom cicatrizante, aplicando-se em pomada nas feridas e doenças de pele.
A sua pele dura e elástica tem numerosas aplicações, nomeadamente na fabricação de crivos, calçado, tambores, correias, sacos, tendas (usadas pelos nómadas árabes), etc. E já houve em tempos remotos, quem utilizasse os ossos de burro para fazer instrumentos musicais (flautas).